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Quando é preciso pedir ajuda

Updated: Jun 22, 2021

O sofrimento com a redação pode ser superado se você busca apoio.





"Eu não dou conta", "não sei escrever", "não sou de humanas", "não passo no vestibular por conta da redação". Se você se reconhece em uma dessas falas e outras tantas que se multiplicam no mesmo sentido, está mais do que na hora de procurar ajuda.

Mas essa constatação precisa vir em paralelo com a reflexão sobre o motivo pelo qual muitos alunos produtores de texto não buscam apoio diante de suas dificuldades ou até mesmo por que adiam tanto essa procura. A minha percepção é a de que a maioria coloca uma pedra pesada sobre o problema e segue tentando acreditar que ele sumirá, quando sabemos que não!

Vejo alguns motivos para essa dolorosa procrastinação. Vou elencar aqui os mais frequentes e os mais subjetivos, pois é nessa subjetividade que sabemos existir a dor, como comentei no post anterior.

O primeiro motivo, chamo de tranferência . É aquele movimento de jogar a culpa na matéria ou no professor/ professora. Nada mais humano que isso! Transferir para o outro o resultado de nossas fragilidades, ou seja, não assumir o problema como seu e encará-los. Isso dói e faz querer que essa odiosa disciplina não existisse.

O segundo motivo, vou chamar de pudor, mas podem substituir por acanhamento, vergonha , timidez . Essa característica paralisa o aluno produtor de texto. "Como chegar em alguém para pedir ajuda? Como falar das minhas angústias, como estender a mão para ser tocada?" Melhor ficar em silêncio e deixar a vida fazer algum milagre. Mesmo sabendo que será bem pouco provável isso acontecer.

Não muito diferente do motivo anterior, mas com uma dose ainda maior de angústia, vejo o perfeccionismo/insegurança. Essa alma inquieta escreve e apaga, escreve e joga fora, escreve, mas não entrega, escreve o rascunho do rascunho do rascunho e se desespera com o tempo que sempre será pouco para sua obra. E, muitas vezes, de tanto escrever, perde seu foco e objetivo. Como pedir ajuda se tudo o que faz é sempre tão bom, mas com a escrita não? É quando o autojulgamento impossibilita a busca por auxílio, pois acredita que seu texto, com certeza, está péssimo e, por isso, nem adianta mostrar. É como se o universo gritasse ao escritor derrotado: "Como assim você não consegue escrever? Não foi alfabetizada, criatura?" E ai, a autoestima é submersa por adjetivos que, por força do ofício, nem vou repetir aqui.

E por falar em baixa autoestima, quase na mesma direção, vejo outro motivo: a acomodação daqueles que, por falta de base ou por falta até mesmo de aulas de redação no passado escolar, se escoram nessa fatalidade e não encontram forças para pedir apoio ou no popular "correr atrás do prejuízo". A sensação de exclusão e derrotismo preenche o espaço das linhas em branco.

Mas o que dizer daqueles que buscam ajuda e não encontram resultados? Sim, isso também acontece. Há os que procuram em cursos a aprendizagem que não tiveram e lá são oferecidos caminhos, orientação e até fórmulas para escrever- sim, fórmulas... Em vão! Se o produtor permance com pudor de sanar suas dúvidas e se não a percepção ou sensibilidade do professor em acolher e compreender as angústias e defasagens do silecioso aluno , tambem será em vão! Se aquele estudante é apenas mais um a formar a turma do melhor curso do país, infelizmente, tudo pode ser em vão.

Escrever é mais do que um amontoado de estruturas e modelos. Escrever é a identificação de um ser como produtor e o que ele deseja dizer a seus interlocutores; é ser crítico; é saber posicionar-se no mundo em que vive. Para isso, ele precisa sinalizar sua vulnerabilidade e aí ser dispertado, alcançado, estimulado, orientado, ensinado dentro do seu contexto de vida.

Em resumo, você dá conta sim! Você aprende sim! Você pode ser de qualquer área e escrever bem. A redação não é a culpada por você não passar no vestibular. Mas para isso não demore para reconhecer sua necessidade de pedir ajuda. Fale com seus professores, escreva para eles, busque cursos, aulas particulares, tutoria ( a nossa, inclusive, é fantástica!), mas não silencie sua angústia com a escrita. Sinalize! Com certeza você terá a mão que precisa para lhe ajudar produzir sua própria história.

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