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Tem lágrimas que secam a gente



O sono (1937), Salvador Dali



Às vezes, certas frases simplesmente aparecem na minha cabeça. Eu não sei dizer como nem o porquê. Só sei que isso acontece. Chamo isso de pulsação.


Há uma música do Chico Buarque com o Edu Lobo da qual eu gosto muito. Chama-se “Valsa dos Clowns”. Ela fala sobre um jovem coração que, depois de ser partido, vira o coração pintado de um palhaço que chora toda tarde de domingo.



Chorar é muito difícil pra mim. Eu raramente choro. E quando acontece eu pareço a Alice naquela cena em que ela se afoga nas próprias lágrimas. Mas esse não é o único choro que eu conheço. Conheço também aquele choro interno. Aquele que provoca um vazio tão grande que a gente não sabe lidar.



Eu também choro toda tarde de domingo por esse coração ferido(que, como já dizia Drummond, às vezes não sara nunca, às vezes sara amanhã).

Que a gente possa chorar e continuar e(s)coando nossas lágrimas. E que, na melhor das hipóteses, elas molhem nossa face.






Paulo Deboleto Acadêmico de Psicologia na UFPR Ex-aluno e amigo querido.

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