Um ano que durou uma década...
Olhando para trás, para o ano que se finda, me vem forte a lembrança do livro 1968- o ano que não terminou, de Zuenir Ventura. Ano que já começou abalando as estruturas da nova ordem mundial que há algum tempo já anda em desordem...
Mal saídos das dores e angústias de uma pandemia, com aquela esperança linda de tudo voltar ao normal , o sr. Putin resolve declarar uma GUERRA! E o que temos com isso se não somos ucranianos? Em tempos de globalização, não importa se a guerra é entre Rússia e Ucrânia: o dólar sobe, a economia mundial e a local também sofrem. E todos acabam pagando pela loucura alheia.
Além do impacto econômico, que elevou o preço do petróleo, vimos reacender o pânico existencial tão comum durante a Guerra Fria: e se houver uso de arma nuclear ? Essa passou a ser uma preocupação constante com as investidas militares no oriente europeu. E eu só querendo ensinar meus fiotes a escrever um futuro aguardado por eles e por mim.
Mas, olhando para o presente do pretérito, o avanço da PANDEMIA nos deu uma trégua. Tiramos as máscaras; as aulas retornaram ao presencial; matamos a saudade dos abraços e tivemos a certeza de que, a despeito dos negacionistas, a ciência venceu uma grande parte da batalha. Chegamos à quarta dose da vacina e à queda gigantesca do número de mortos pela Covid.
Enquanto isso, na COMTEXTO, encontramos literalmente a DIREÇÃO , uma agência que nos deu apoio técnico e humano, além da consultoria de negócios. Com isso, conseguimos expandir e chegamos a um nicho interessante: predomínio absoluto do sexo feminino em busca de passar no vestibular para MEDICINA.
E o BRASIL, hein!? Em 22, mal podemos reconhecer o nosso país, tão bagunçado pela polarização política - fortificada, ainda mais, pelo ano de eleição. Quanto ódio destilado, quantas inverdades propagadas, quantas farpas engasgando a voz! Até mesmo as palavras mudaram a semântica: democracia, liberdade e censura passaram a ser proferidas sem a mínima coerência com o léxico e com a lei. Uma confusão de retóricas que ainda ainda dura às vésperas do 23.
E a gente aqui, só querendo ensinar para os fiotes que justiça, paz e amor ainda são temas importantes para além da redação.
Haja saúde mental diante de tanta crise econômica, política, ética e moral. Mas em ano de COPA DO MUNDO, o circo faz esquecer a falta até de pão. Porém, a copa foi no Catar e o "ópio do povo”, como dizia Nelson Rodrigues, cedeu às críticas ao país onde, realmente, repressão e censura fazem jus ao significado do termo. E não faltaram protestos: Os jogadores do Irã silenciaram durante o hino nacional como crítica ao regime teocrático que matou a jovem Mahsa Amin. Braçadeiras contra a homofobia tentaram desafiar as regras dos anfitriões, enfim o lema “futebol e religião e política não se discute” foi posto à prova no país dos sheiks.
Enquanto isso, eu e meus fiotes seguimos trabalhando, independente de copa ou jogo do Brasil, afinal estávamos a semanas de provas importantes dos vestibulares. E convenhamos, a seleção canarinho há anos não vem animando muito. Uma vaga na faculdade, e os boletos a pagar são realmente mais importantes do que ver o estrelismo de Neymar .
Mal acabou a copa, sem respiro, tínhamos VESTIBULARES, eleição e natal. Como bem dizia o meme viralizado, foi uma sensação de fim de ano com fim de mundo. Mas, para surpresa, o tema da prova nacional trouxe uma luz de esperança ao levar os alunos a discutirem sobre a (des)valorização dos povos tradicionais do Brasil. Numa fase hostil de descriminação às minorias, essa proposta soou como lenitivo nesse final de ano, em que os indígenas foram duramente atacados e indigenistas mortos. Temas caros vieram também dos vestibulares: cultura da paz e da não violência; regulamentação do porte de armas; racismo; vacinação; o significado de dividir. Temas necessários para pensarmos em um ano melhor.
Hoje, véspera de ano novo, e da da posse do novo presidente, ainda temos uma legião de descontentes que desacreditam do resultado eleitoral, negam a democracia e gritam por intervenção militar em frente aos quartéis. Que país é esse? S.O.S Cazuza! É véspera de ano novo e a guerra ainda não cessou, a pandemia ainda faz vítimas. Mas, em horas chegará o NOVO ANO! E como todo novo, ele traz em si a ESPERANÇA,
Dessa forma, seguimos, pois sou educadora e, como tal, esperançar a vida faz parte do ofício. Então, vamos juntos acreditar que em 2023 a guerra vai acabar, que teremos o fim da pandemia, que veremos nosso país novamente avançar em paz.
Não se trata de pieguice nem utopias, e sim, da certeza de que depende de cada um e de suas ESCOLHAS, a possibilidade de um ano novo no muito melhor.
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